Rompendo dias difíceis, tocantinenses findam 2017 com obrigação de despertar em 2018

A situação do Estado está longe de ser um mar de rosas. Está longe do equilíbrio de receitas que se conquistou em Palmas, a custa de aumento de impostos logo no começo da gestão Carlos Amastha

Os dias de dezembro vão se esvaindo na ampulheta do tempo, caminhando para o Natal dos cristãos e o fim do ano romano, um conjunto de 12 meses que não se pode dizer que foram fáceis.

 

Ano de depuração e limpeza na política nacional. Ano de muitas revelações e poucas punições. De exposição das mazelas, não só da classe política, como também de setores do judiciário brasileiro, num prende e solta impressionante.

 

Ano em que Temer patinou, o Congresso patinou e o Tocantins assistiu sempre com muita expectativa e emoção, as operações da Polícia Federal levando nossas autoridades e ex-autoridades nos carrinhos pretos para depor.

 

Passando pelo Sudeste esses dias, de carro, vi paragens onde o tocantinense nato, sertanejo bruto, sobrevive bem longe do burburinho das redes sociais e dos portais de internet. 

 

De verdade, acredito que mais de 50% da nossa população passa alheia ao que acontece na Capital, na Corte do poder e seus meandros.

 

É uma gente que não depende do 13º para viver. Embora tudo o que circula de dinheiro vindo dos cofres do Estado e dos municípios lhes afete direta ou indiretamente.

 

No meu círculo de convivência e no meu WhatsApp a pergunta mais importante era: Marcelo paga ou não paga o 13º esse ano?

 

Pagou, ontem para 66% do funcionalismo público. E os outros 34% chiam, dentro do seu direito e da sua razão.

 

Sem nos furtar do que representa tudo isso para milhares de famílias, há que se pensar de onde saímos, naquele dezembro de 2014, quando Sandoval se despedia do poder, para esse dezembro de 2017.

 

Um exercício que nos faz pensar também em onde queremos estar em dezembro de 2019. 

 

Miranda, bem me lembro, recebeu o governo com uma folha de pagamento atrasada. Vencida e sem os recursos suficientes em caixa para pagá-la.

 

Será se tivesse parcelado, a perder de vista, aqueles salários, pagaria hoje em dia o 13º? Ou faltou melhor gestão dos recursos públicos? Perguntas que muita gente além do funcionalismo se faz.

 

Refletir sobre o cenário, no entanto, é necessário. Refletir além da folha, já que o Estado é governado para todos os tocantinenses. Do servidor palmense, que vive no conforto da Palmas iluminada para o Natal, até o tocantinense que levantou as cinco da manhã numa roça, no Sudeste, para tirar leite e fazer seu próprio “salário” e com ele garantir a Ceia de Natal.

 

Os dias tem sido difíceis, especialmente neste 2017, para muitos, mas muitos tocantinenses. Esses que rompem os dias - no dizer do sertanejo -  esperando sempre que o atual seja melhor que o anterior.

 

A situação que estamos vivendo, diante de uma máquina pública especialmente falida, dá muito o que pensar.

 

Não no hoje, que se remedia. Mas no amanhã que queremos.

 

Uma boa dose de realidade e pouca ilusão. É disso que o eleitor tocantinense vai precisar ano que vem para escolher.

 

A situação do Estado está longe de ser um mar de rosas. Está longe do equilíbrio de receitas que se conquistou em Palmas, a custa de aumento de impostos logo no começo da gestão Carlos Amastha.

 

Hoje o prefeito da Capital antecipa os salários de dezembro, que seriam pagos na primeira semana de janeiro, demonstrando robustez financeira invejável. Adiou pagamentos a fornecedores para fazer “uma graça a mais” com o funcionalismo. E, óbvio, faturar politicamente com isso.

 

Mas Palmas também paga seu preço. Obras, antes céleres, se arrastam. A Avenida Tocantins, em Taquaralto, está dilacerada e não sai do lugar. Ali, as lojas inundam no final do ano, a cada chuva. 

 

A ponte (ou bueiro) na baixada do novíssimo Parque Indígena não avança. 

 

Obra prometida para dezembro, embora seu cronograma seja março, a reforma da feira da 307 Norte também caminha devagar. 

 

O Natal Luz por sua vez, continua lindo. No Parque Cesamar. Aquele esplendor que se viu um dia de Norte a Sul da cidade, não existe mais. Custa caro. A gestão entendeu que não dá conta.

 

De um lado a outro como se vê, há correções a fazer.

 

Na verdade, a política tocantinense está exausta de heróis. Precisa de gente de carne e osso, que erra e que acerta, mas que se disponha a corrigir rumos. Sem exageros, nem excesso de vaidade.

 

Um mix de gestor e político, com senso de responsabilidade, quem sabe, possa ser a saída para o Estado nos dias que virão.

 

Feliz 2018 para todos nós.

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