Sob comando de Ataídes, PSDB praticamente “empurra” Amastha para os braços de Kátia

O que Ataídes fez, no gesto de contrapor Amastha, mostrando a força do PSDB que tem o presidenciável mais amado da direita, foi empurrar, literalmente, o prefeito da capital para os braços da Senadora

Ataídes anuncia rompimento com Amastha
Descrição: Ataídes anuncia rompimento com Amastha Crédito: Divulgação

Não comentei a pesquisa Ibope/Acipa porque tenho minhas - sérias -  restrições quanto aos resultados no Instituto no Tocantins nos últimos anos. Mas, algumas obviedades do cenário político tocantinense estão lá refletidas. E para não dizer que a pesquisa não é Ibope, algumas falhas nítidas também. Só por isso faço referência a elas na abertura desse artigo. Senão, vejamos…

Por exemplo: quem é que acredita que Marcelo Miranda, governador, com a máquina nas mãos -  entregando e inaugurando obras que vão de leitos de hospitais a estradas no interior -  esteja tão mal das pernas como afirma a pesquisa? Impossível. E se numa hipótese remota estivesse naquele patamar que a pesquisa disse que está, reverteria daqui a março, sem nenhum problema. Mesmo com a queda do FPE, o Estado dá sinais de recuperação e a agenda de problemas vai se resolvendo. Desenrolando.

Assim, a primeira obviedade é a que pesquisa não diz: Marcelo está vivo. Tende a ficar mais forte a cada dia e tem peso eleitoral de sobra para sair a Senado, caso pretenda uma eleição mais tranquila. A governo, a coisa complica, não por que ele seja eleitoralmente de se desprezar, mas por que há adversários a altura.

O “s”, de adversários, se dá porque são dois e nisso a obviedade das ruas a pesquisa confirma: Amastha é sangue novo, tem o frescor da novidade na política, embora não tenha a rede de lideranças e espante a classe política com suas críticas ácidas.

Já Kátia Abreu com sua imensa capacidade de trabalho e seu gênio difícil é, será sempre… Kátia Abreu.

Uma adversária tão difícil de se enfrentar - diferente do que pregam seus eternos desafetos - que já começou a dar voltas em torno de si mesma, para sentar com antigos desafetos e realinhar a conversa. Exemplo: jantou com seu arquinimigo de 2014 há coisa de um mês. O ex-deputado federal e virtual candidato ao Senado, Eduardo Gomes, é o mais tranquilo dos pré-candidatos.

Bem humorado como ele só, Eduardo teve uma boa conversa com a senadora. Para ele é mais fácil convergir com ela, já que suas críticas a ela eram: não receber a classe política, não tratar com prefeito e vereador. As duas, a senadora já vem corrigindo de há muito. Exemplo, o jantar com Gomes, a quem já não trata como desafeto.

Tanto Amastha quanto Kátia sustentam discursos que confrontam a gestão de Marcelo Miranda no governo. Mesmo marchando separados na última eleição municipal, em que a senadora equivocadamente apoiou Raul Filho,  na tentativa de criar um grupo político que não se confirmou, as águas começam a correr para o mar.

E quem diria? Com uma mãozinha de Ataídes Oliveira, senador e presidente do PSDB.

Ao se irritar com Cinthia Ribeiro, romper com o PSDB de Palmas, destituir o diretório na Capital e se afastar do prefeito Amastha, o senador entrou num caminho que até tinha volta. Até ontem. Hoje, o rompimento anunciado, com a filiação dos prefeitos que acompanharam Laurez Moreira na debandada do PSB, sob o comando do prefeito da capital, era mais do que previsto. Mas marcou um divisor de águas.

Sem partidos de porte em 2016, Amastha contou com a legenda e o tempo de TV do PSDB. Numa disputa mais dura, de alcance estadual, o buraco “é mais embaixo”, como diz o sertanejo.

Organizada, determinada a disputar o governo, Kátia Abreu já está com seu time na rua. Está em pré-campanha, tem uma malha de prefeitos, vereadores o que lhe faculta naturalmente sair na frente como nome mais lembrado na disputa ao governo.

Juntos, Kátia e Amastha podem sim fazer um time de meter medo nos adversários, pela consistência política. Restará afinar os discursos.

O que Ataídes fez, no gesto de contrapor Amastha, mostrando a força da legenda, PSDB, que tem o presidenciável mais amado da direita, João Dória, foi empurrar, literalmente, o prefeito da capital para os braços da Senadora.

Se a PEC Amastha -  que caminha para ser aprovada - vai ter efeito nesta eleição ou não, se haverá tempo para barrar uma candidatura do prefeito para governador ou senador, por exemplo, é coisa que não se pode ainda prever.

O certo é que mesmo ficando na prefeitura, fora de uma chapa majoritária, Amastha ainda poderá indicar seu senador, ou seu vice-governador e seguir fazendo uma gestão primorosa na Capital.

Fico pensando se Kátia combinou com Ataídes essa jogada. Ou se Laurez entendeu o alcance do que fez.

Enquanto isso, nos bares da capital, há quem delire com uma suposta chapa Mauro Carlesse governador, Miranda e Siqueira nas duas vagas ao Senado.

Não, Marcelo não tem porque ir nessa fórmula sem cabimento.

Mesmo fazendo um governo difícil, seu capital eleitoral lhe faculta o tamanho que tem. Sem sombra de dúvidas, bem maior do que viu o Ibope.

Portanto, sem bola de cristal nas mãos, o que dá para prever é que Miranda estará à frente de um grupo e Kátia de outro. Quanto a Amastha…. esse poderá ser o fiel de uma balança que Ataídes acaba de desequilibrar.

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