Taquaruçu: sucesso do Festival Gastronômico desautoriza sandices

Grande movimento no Festival Gastronômico de Taquaruçu gerou debates nas redes. É preciso tirar as lições desse sucesso estrondoso e redimensionar espaço, acomodação e barracas...

Festival Gastronômico atraiu multidão à Taquaruçu
Descrição: Festival Gastronômico atraiu multidão à Taquaruçu Crédito: Foto: Júnior Suzuki

O movimento de carros subindo a serra em direção a Taquaruçu no último sábado, quando o cantor Tiago Iorc se apresentou no distrito, provocou uma enxurrada de manifestações nas redes sociais, que dão o que pensar. Duas delas me motivaram um post na minha página do Facebook, que rendem comentários ainda hoje e que mereceu três posts do prefeito Carlos Amastha em resposta nesta manhã.

Alguns comentários trazem ponderações importantes. Outros se resumem a achismos, falta de informação e falta de compreensão do que representa para o distrito de Taquaruçu, a existência de um evento deste porte, fixo no calendário há 11 anos, e que a cada ano fica mais forte, melhor trabalhado.

Os resultados do Festival Gastronômico não se medem em número de visitantes apenas. Por isso, dois acidentes na TO-030 entre Taquaralto e Taquaruçu no sábado, um deles com morte, não podem se tornar motivo da bandeira levantada por alguns para retirar de lá o Festival Gastronômico que é de Taquaruçu.

Acidentes acontecem independente da realização ou não de eventos no distrito. São frutos de imprudência, de bebida associada ao volante, entre outros motivos. Dizer que Taquaruçu não comporta o evento é querer limitar o público e punir a cidade. Se o Festival cresceu e atrai cada vez mais pessoas certamente isso se deve a gama de atividades e serviços oferecidos.

Outro argumento sem lógica é pregar que a prefeitura deve criar um circuito para realizar o festival, um local específico para o evento. Basta pensar um pouco. Eventos que oferecem comida de rua, no mundo inteiro, funcionam mesmo é na rua.

Com seu clima bucólico, suas vias estreitas, suas praças, seu charme serrano, Taquaruçu é a joia que Palmas herdou no processo de apropriação de suas terras que o governo fez lá atrás, para criar a capital. Tem uma riqueza de elementos que reunidos, faz do distrito palco ideal não só para este, mas para outros eventos, que devem compor um calendário permanecente, capaz de movimentar sua economia.

Se a cada três ou quatro meses o distrito receber um evento, ainda que não seja de grandes proporções - com shows nacionais, que sempre levam a uma sobrecarga de público - a ocupação de pousadas será mantida, os supermercados e açougues estarão vendendo mais, o morador poderá comercializar seus espaços, seus queijos, seus doces, seu artesanato. E a vida seguirá girando, como tem que ser num lugar tão privilegiado, e propício ao turismo ecológico, de eventos e de aventura.

Parêntese.

Quem cobra políticas públicas permanentes na área do turismo está ignorando informações importantes. Uma delas, a de que a Cidade de Palmas tem investido na formação do trade turístico permanentemente, com cursos, viagens para destinos que se consagraram, entre outras medidas.

Quem visitou o stand permanente do Sebrae na Praça que abrigou a 11ª Edição do FGT, se encantou com o trabalho feito com as artesãs locais pelo designer contratado especialmente para dar um plus nas peças ali criadas com Fava de Bolota. Acompanhei pessoalmente o superintendente do Sebrae Omar Henneman numa de suas visitas a Taquaruçu acompanhado de Sérgio Matos.

O resultado foi uma imensa visitação e a comercialização intensa das peças produzidas com as favas.

Fecha parêntese.

Dito tudo isso, é necessário reconhecer que o visitante quer comer sentado, e faltaram mesas. Que há filas sim, especialmente nas barracas onde a fama da boa comida, da mistura dos sabores, da criatividade corre rápido. Mas filas, há em todo lugar onde exista boa comida de rua.

Dizer que subiu a serra e passou fome é mentira deslavada. Essa realidade ficou para trás, nos primeiros anos, quando o evento começou. Quem subiu, comeu pastel, chambaril, espetinho com jantinha, se quis. Por que não faltou a panelinha tocantinense cremosa, o Filhote de Pindarê, o Lampião, a lasanha, entre outros pratos mais elaborados.

O que é preciso, é tirar as lições desse sucesso estrondoso e redimensionar espaço, acomodação nas barracas, talvez mexer nos horários das apresentações e seguir o bonde.

Que venha um Festival de Cinema e Musica, outro de massas e vinhos, eventos que promovam a cultura, a música, a literatura, o esporte. Sempre com a limpeza e a organização apurada que já se tornou a marca do FGT.

Mas não me falem em punir Taquaruçu por que o evento deu certo demais. A dívida ainda é grande da capital com o distrito. E a comunidade lá com certeza merece mais: merece essa efervescência em caráter permanente.

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