Toinho e Cayres sofrem abalo com operação às vésperas da disputa na AL

Mal raiou o dia de hoje para que os deputados, novos e reeleitos, começassem a se perguntar quem eram os três nomes de parlamentares alvos da segunda etapa da operação que caça fantasmas na AL

Toinho Andrade reuniu deputados ontem em Palmas
Descrição: Toinho Andrade reuniu deputados ontem em Palmas Crédito: Divulgação

O jantar oferecido ontem, quarta-feira, 30, pelo deputado Toinho Andrade no Hotel Céu, para consolidar o apoio da maioria dos deputados estaduais ao seu nome para presidir a Casa, na eleição que acontece amanhã de manhã, sexta, 1º, terminou num clima de favoritismo sem precedentes.

 

Mal raiou o dia de hoje, quinta, 31, para que os deputados, novos e reeleitos, começassem a se perguntar quem eram os três nomes de parlamentares alvos da segunda etapa da operação que caça funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa. 

 

Bingo: Toinho Andrade(PHS) e Amélio Cayres (SD) são os dois em exercício do mandato e reeleitos, que estão no alvo da Catarse. O terceiro, deputado Osires Damaso, já limpou gavetas e se instala em Brasília para o mandato de deputado federal conquistado nas urnas em outubro passado.

 

A operação busca, em síntese, servidores que estão na folha e não trabalham. Mais que isso: a suspeita é de que esses servidores seriam utilizados pelos parlamentares para devolver dinheiro. Parte dos salários recebidos sem trabalhar. Um acordo, prática ilegal da qual se ouve falar há muito tempo nos bastidores da política (não só tocantinense). As operações Catarse – que teve como alvo o gabinete do deputado Valdemar Jr.(MDB) – e Espectro, que tem os três deputados como objetivo, são iniciativas inéditas de punir a prática.

 

Jantar reúne 20, mas novos deputados podem abrir

 

O risco que corre a candidatura de Toinho Andrade não se relaciona com qualquer consequência prática, jurídica, que o deputado possa sofrer de imediato, mas com o temor dos seus reflexos lá na frente. Principalmente pelo temor dos novos parlamentares, de ligarem sua imagem à práticas condenadas não só pela lei, mas pela união pública.

 

Se ontem já havia um grupo de indecisos oscilando entre Toinho e Luana Ribeiro, e outro grupo insatisfeito – abrandar estes seria o objetivo do jantar – hoje a crise pode se aprofundar mais.

 

Até a deflagração de mais esta operação policial, a conversa era de união em torno de uma chapa só. Fora desta articulação, além da própria Luana Ribeiro, estavam mais três deputados, que não compareceram ao jantar.

 

A operação desta quinta-feira, 31, enfraquece também o candidato a vice-presidente, do Solidariedade, deputado Amélio Cayres. Isso por que, por fora, ele já tem, dentro do próprio grupo que vinha hipotecando apoio à Toinho, dois concorrentes: o deputado Nilton Franco, do MDB, e o deputado Eduardo Bonagura, o Eduardo do Dertins (PPS).

 

Resguardados pelo foro privilegiado, os três deputados que são alvo da operação da Polícia Civil hoje podem não chegar a sofrer punição pelos atos investigados. Assim como Valdemar Jr., da primeira operação, e Olyntho Neto (PSDB), atingido na operação Expurgo, que investigou as irregularidades com relação à coleta do lixo hospitalar.

 

Ocorre que as operações atingem pessoas muito próximas aos parlamentares, abala sua credibilidade junto à opinião pública e levantam o temor, entre seus pares, das consequências da proximidade com os investigados. A explosão de mais uma operação hoje pode ter duas consequências na eleição da Mesa Diretora amanhã: ou esparrama o que não estava bem consolidado, ou funcionará o conhecido espírito de corpo. Aquele em que todos protegem um, para prevalecer a norma de proteção a si mesmo.

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