Uma eleição provisória, com apoios movidos por interesses... republicanos?

Dimas volta do exterior e carimba apoio a Mauro Carlesse. Decisão seria movida a mágoas pessoais e interesse em verbas, apontam aliados em off. Enquanto os líderes afinam, eleitorado ignora pleito

O maior consenso sobre as eleições suplementares de 3 de junho é que milhares de eleitores tocantinenses não sabem que ela vai acontecer.

 

Por isso a importância da mobilização dos candidatos  no interior do Estado, onde a vida segue seu ritmo sem muitas alterações. Quem não depende diretamente do emprego público estadual, toca a vida sem se dar conta de que há uma eleição em curso, para um mandato que vai até dezembro, ou seja: seis meses.

 

Esse é um dado importante e que poucos candidatos estão se atentando. Esta eleição não dá direito a prorrogação automática do mandato por mais quatro anos. Em agosto, quem quer ser governador ou governadora, vai ter que voltar às ruas, e ao debate em busca do eleitor. E lá, na eleição que já está programada na cabeça do eleitor, estarão todos os atores que influenciam nesse processo: candidatos ao Senado, à Câmara dos Deputados e à Assembléia Legislativa.

 

O jogo, é jogado em dois tempos.

 

Percebendo a importância disso, nomes como Eduardo Gomes -  pré-candidato ao Senado – de um lado, acompanhando Vicentinho Alves, e Raul Filho de outro, coordenando em Palmas a campanha de Kátia Abreu ao governo, estão aproveitando para fazer a sua própria campanha.

 

Um dos maiores frasistas da política tocantinense que conheço, Gomes me encontrou na padaria neste sábado comprando frango assado e soltou a pérola: “ se a eleição é provisória, os apoios são mais provisórios ainda”. Lacrou.

 

E é só por isto que não vimos ainda muita gente tensionar o debate com ex-companheiros que abandonam o barco e mudam o rumo de uma hora para outra.

 

É que esta eleição desconhecida da população corre o risco de ter muitos votos em branco e nulos e milhares de abstenções.

 

A saída de Marcelo Miranda do debate eleitoral, gerou um vácuo que ainda não foi bem absorvido. Mesmo que 80% do MDB expressivo esteja com Vicentinho Alves.

 

Com a campanha popular mais volumosa nas ruas, o senador virou o alvo predileto de ataques da campanha de dois adversários: Carlos Amastha e Kátia Abreu.

 

Por outro lado Mauro Carlesse mostrou esta semana que estava mesmo a espera do apoio de Ronaldo Dimas. Deve partir do prefeito de Araguaína o nome para substituir seu vice (colocado já para cumprir este papel) e com pedido de impugnação protocolado.

 

Magoado com Vicentinho, Dimas escolhe esquecer o passado ruim com Carlesse

 

Perguntando a alguns aliados de Ronaldo Dimas por que motivos o prefeito teria realmente feito a escolha em apoiar Carlesse, ouvi duas respostas frequentes: a mágoa contra Vicentinho, alimentada especialmente pelo filho, pré-candidato a deputado federal pelo SD e... dinheiro. Verbas. Recursos.

 

É que antes de ir a Paris para uma viagem que já estava programada, Ronaldo Dimas esteve perto de fechar com Carlos Amastha (a quem elogiava nos bastidores por ter um perfil  de gestor bem próximo do seu). Conversou com Kátia Abreu (com quem voltou a conversar mais friamente esta semana. A senadora procurou o prefeito acompanhada do filho, deputado Irajá Abreu, do ex-prefeito de Palmas Raul Filho e do deputado Osires Damaso).

 

E depois de muito rodar, terminou confirmando apoio a Carlesse, com o argumento da estabilidade do Estado. Ou seja, seria melhor manter o tampão do que trocar de governador com a eleição. Um argumento contraditório com o que o próprio Dimas vinha defendendo enquanto se posicionava como candidato a governador do Estado.

 

Dá o pensar que há bem pouco tempo, um Ronaldo Dimas indignado, movimentou meia Araguaína e tomou a Assembléia de assalto para defender que os parlamentares não dividissem com os demais municípios o volume de recursos estimado em R$ 40 milhões.

 

Dimas não foi atendido pelo então presidente Mauro Carlesse e não poupou adjetivos aos parlamentares aos quais acusou sonoramente de fazer politicagem com os recursos  do empréstimo ao Estado que defendia, deveriam servir para duplicar a TO-222.

 

Esse passado recente (aconteceu há seis meses) e ruim, está prontamente superado.

 

De olho no que Carlesse paga e no que será liberado para Araguaina nos próximos dias, adversários esperam para pregar o carimbo de suspeito no apoio que virou manchete neste final de semana.

 

De todo jeito, daqui até dia 18, data em que o TRE tardiamente julgará os pedidos de registros dos candidatos ao governo, a campanha é uma. Depois disso, será outra.

 

São praticamente três semanas totalizando oito programas eleitorais na TV.

 

Tudo muito corrido. Por isso se aposta tanto no apoio de prefeitos, vereadores, deputados, líderes.

 

Na contra-mão de todo esse movimento, só um candidato se move. O ex-prefeito de Palmas, Carlos Amastha. Esse segue com um pequeno grupo de apoiadores, de ônibus, percorrendo primeiro as pequenas cidades, a pé ou de bicicleta. Apostando em conversar com um grupo entre 100 e 150 pessoas por onde passa, e dele gerar um efeito multiplicador.

 

O resultado dos esforços de cada grupo nesta eleição surreal que o Tocantins vive, só será conhecido ao final.

 

E dele teremos uma prévia. Mas vejam bem, somente uma prévia do que viveremos mesmo em outubro.

 

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