Carlesse diz que quer ser governador, mas nega tapetão: "AL está cumprindo seu papel"

Defendendo que quem criou a situação de improbidade que permite a análise de um pedido de Impeachment pela Assembleia foi o próprio governo do Estado, o presidente Mauro Carlesse falou ao T1 Notícias

Presidente da Assembleia Legislativa, Mauro Carlesse
Descrição: Presidente da Assembleia Legislativa, Mauro Carlesse Crédito: Dicom/AL

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Mauro Carlesse, falou com exclusividade na manhã desta quarta-feira, 11, com o T1 Notícias, sobre a tensão que se instalou entre Legislativo e Executivo a partir da conclusão do parecer da procuradoria da Casa sobre a admissibilidade do pedido de Impeachment do governador Marcelo Miranda, proposto pelo presidente do Sisepe, Cleiton Pinheiro.

 

Polêmico, o andamento do pedido é considerado pelo presidente como necessário. “É nossa obrigação dar andamento. Se não dou, sou cobrado pelos servidores”, avalia. Sobre um processo político para retirar Miranda, o presidente nega: “Isto não existe. Tenho como meta disputar sim o governo do Estado, mas nas urnas, não no tapetão”.

 

Confira a entrevista:

 

T1 - Presidente, como está o clima na Casa com o andamento do pedido de impeachment do governador, há muita tensão? Houve pressão para que o pedido fosse desengavetado?

 

Carlesse - Não há tensão, acho que só o normal de um processo desses. Eu considero normal, parte do funcionamento da Casa. A Assembleia precisa discutir as coisas. Isso é um ponto positivo e que nós mudamos. Ali chegava projeto de manhã e era votado de tarde. Eu mesmo já votei projetos sem entender direito o que era, por que não dava tempo de tramitar. Era colocado em pauta na correria. Isso acabou. (…) Sobre pressão, não teve. Eu mesmo falei com o Cleiton duas vezes. Uma no meu gabinete há uns três meses, sobre política, e outra nos corredores outro dia, em que ele me encontrou e falou sobre o Igeprev, que é outro problema grave… E outra, o processo não foi desengavetado, não houve isso. O que acontece é que agora a Procuradoria tem prazos para entregar as coisas, um processo não pode ficar lá indefinidamente. Ficou o tempo que o procurador entendeu que era necessário para estudar a matéria. Ele entregou e eu tenho que dar seguimento. Se dou, acham que é pressão política contra o governo, se não dou, sou cobrado pelos servidores. Então esse processo vai andar, é o que os deputados querem…

 

T1 - A maioria dos deputados deseja que o pedido de impeachment tenha prosseguimento?

 

Carlesse - Ah, sim. Com certeza. São 15 deputados que cobram que isso ande. O resultado a gente não sabe, mas querem que o assunto seja discutido.

 

T1 - Mas e a inconstitucionalidade apontada pelo STF?

 

Carlesse - Seria inconstitucional se fosse analisado pelos deputados apenas, mas do jeito que o rito foi definido é a forma legal de analisá-lo, com 5 deputados e 5 desembargadores. E acho que assim ficou pior para o governo…

 

T1 - Os desembargadores vão se prestar a votar pedido de impeachment mesmo que o STF tenha considerado que esta atribuição não é da Casa?

 

Carlesse - O entendimento que temos é de que o pedido deve ser analisado por esse comitê, conjunto de deputados e desembargadores.

 

T1 - Presidente, e a opinião pública, como fica? O senhor é pré-candidato ao governo, não fica parecendo que é uma forma de chegar ao Palácio no tapetão?

 

Carlesse - Sim, minha meta é ser governador. Não pretendo ir à reeleição nem à Câmara Federal, meu desejo é disputar o governo. Mas nas urnas, nas eleições do ano que vem, não no tapetão. Até por que se o governador for cassado quem assume é a vice. Sobre a opinião pública, acredito que da forma como o governo vai, se o povo for consultado, a maioria quer que o governador saia…

 

T1 - O senhor é esse instrumento?

 

Carlesse - Não sou eu. Existe um processo que já estava na Casa. Não fui eu quem criou isso. Não sou eu que deixei de pagar plano de saúde, Igeprev, consignados. Não sou eu quem contratou 20 mil pessoas - que aliás fica mais caro do que chamar concursados - não fui eu quem desrespeitou a Lei de Responsabilidade Fiscal e segue desrespeitando. Eles criaram isso, eles fizeram e continuaram fazendo…

 

T1 - O que o senhor pretende com a condução desse processo?

 

Carlesse - Apenas que a Assembleia cumpra seu papel. Fizemos isso na questão do empréstimo, e vamos discutir a questão do Igeprev, assim como vamos discutir tudo que é papel da Assembleia discutir. Essa contribuição nós vamos dar ao Estado. Onde eu ando, recebo mensagens de apoio, as pessoas querem que esses problemas sejam debatidos. Não vamos fugir disso. O que acontece hoje é um descrédito, uma falta de esperança. Estamos criando nossos filhos, nossos jovens, para ir embora. Os pais estão envelhecendo sozinhos, por que não há emprego, não há alternativa, não há saída…

 

T1 - Toda essa discussão em torno de um Impeachment, faltando um ano para o governo acabar, não gera muita instabilidade, na sua opinião?

 

Carlesse - Sim, gera. Mas não fui eu, não fomos nós, não foi a Assembleia - como eu já disse - quem criou esta situação. Estamos aí para enfrentá-la, discuti-la e ver onde vai dar.

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