Com religiosos comandando manifestantes, Câmara adia discussão sobre vetos

Pauta trava na Câmara Municipal e interesses de servidores e quiosqueiros ficam para discussão na próxima semana. Religiosos, liderados por pastores e padres tomaram a frente do plenário e agitaram...

A Câmara Municipal de Palmas teve sessão suspensa novamente nesta quinta-feira, 10, graças a manifestações de grupos religiosos -  coordenados por diversos pastores e alguns líderes católicos – em torno dos vetos do prefeito Carlos Amastha à 14 emendas feitas no Plano Municipal de Educação, principalmente pelo vereador Pastor João Campos(PRTB).

Exaltados, os manifestantes gritaram, xingaram e interromperam por diversas vezes os discursos dos vereadores que ocupavam a tribuna sem se manifestar claramente contra os vetos e “a favor da família tradicional”.

Num dos momentos mais críticos, em que tanto o vereador José do lago Folha Filho(PTN), quanto o vereador Iratã Abreu(PSD) solicitaram suspensão da sessão para discussão reservada na sala de reuniões, o militante do PV, Fernando Baiano, foi contestado pelo presidente da Casa, vereador Rogério Freitas, no exercício da presidência: “Aqui você não manda não, irmão. Aqui a decisão é minha”.

Freitas no entanto trabalhou pela derrubada dos vetos, mantendo a sessão ao máximo, até que a bancada do prefeito solicitou e conseguiu a suspensão por 10 minutos. No retorno, já acordados, os vereadores da base de Amastha anunciaram que o Executivo enviará novo projeto de lei à casa na terça-feira, próxima,  15, “retirando tudo que possa sugerir essa ideologia de gênero do Plano”, explicou o líder José do Lago Folha Filho.

Posições diferentes

O vereador Lúcio Campelo resumiu a questão na tribuna entre os que estão a favor dos vetos e os que estão contra. “Se todos votaram unânimes com as emendas do pastor João Campos, que foram vetadas, por que vão mudar agora? Por ordem do prefeito? É simples, quem for a favor da família derruba o veto”, argumentou.

Já o vereador Iratã Abreu ponderou que a questão não poderia ser debatida com o viés político partidário. “Eu defendo que as liberdades individuais sejam respeitadas, porque todas as pessoas deste mundo têm o direito à sua livre orientação sexual (...) mas concordo com vocês que a escola não pode interferir na orientação que as famílias querem dar aos seus filhos”.

Entenda o caso

O Plano Municipal de Educação não trata de ideologia de gênero nas escolas. A afirmação é dos vereadores da base e da própria oposição -  a exemplo de Lúcio Campelo e Júnior Geo – mas as emendas propostas por João Costa tentam evitar que o assuntos seja tratado mesmo de forma subliminar.

O vereador do PRTB defende o recolhimento das escolas do livro do MEC intitulado “Porta Aberta 1º ano – Ciências Humanas e da Natureza”. Nele, os conteúdos tratados no capítulo referente á família é trabalhada história da criança e de sua família. Outro tópico mostra que as  famílias são diferentes e é subdividido em: famílias de outros tempos, famílias dos nossos tempos e famílias indígenas.  Esta parte exibe a foto de uma família composta por três pessoas: dois homens e um menino negro, representando a família homossexual, que adota seus filhos.

Aos gritos, manifestantes diziam querer o voto dos vereadores para a família tradicional e o recolhimento do livro distribuído pelo MEC das escolas.

Quiosqueiros e servidores ficaram para depois

Servidores públicos municipais manifestaram ao T1 Notícias seu descontentamento com a protelação, mais uma vez, da discussão pela Casa do projeto “Carreira Justa”. O Sisemp pretende que distorções sejam corrigidas e entrem na folha de pagamento o quanto antes. Secretária Geral da Assemp, Laura dos Anjos, resumiu a decepção: “estão nos enrolando. Queremos esse assunto decidido a tempo de entrar na folha, ou vamos entrar em Estado de greve”.

O assunto relativo aos permissionários de quiosques na capital foi defendido na tribuna pelo vereador Milton Néris. “ Não dá para o empresário entrar para dentro de um quiiosquedesses sem saber quanto vai pagar. A gente tinha decidido isso em termos de UFIP’s, e não de aluguéis exorbitantes”, ponderou.

Embora tenha garantido à imprensa em coletiva que a discussão em torno do PME é político partidária, o prefeito Carlos Amastha deve encaminhar à Casa texto de projeto que garanta a exclusão de qualquer possibilidade de que o conteúdo de diversidade de gênero seja tratado nas escolas.

Comando evangélico

Embora houvessem manifestantes da ifreja católica e um padre acompanhando a sessão, os pastores tomaram conta da tribuna de honra da Casa, orientando manifestantes e por algumas vezes interagindo com vereadores. O deputado Eli Borges(PROS), o vice-presidente do PSC, pastor Amarildo, ex-deputado federal, o Apóstolo Sérgio Paulo, entre outros líderes religiosas fizeram corpo a corpo e acompanharam toda a discussão até a interrupção da sessão, com a garantia da bancada do prefeito de que outro texto será enviado à Casa.

(Atualizada com correções às 15h42)

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