Contrariando suspensão de deputados Carlesse mantém bloco formado por PSC, PSDB e PSL

Após o pronunciamento da decisão do presidente da Casa, o deputado Osires Damaso informou, em plenário, se dirigindo a Carlesse, que poderá procurar a Justiça

Clima esquenta entre os deputados em sessão nesta 5ª, na AL
Descrição: Clima esquenta entre os deputados em sessão nesta 5ª, na AL Crédito: Foto: T1 Notícias

Durante sessão na Assembleia Legislativa na manhã desta quinta-feira, 9, o presidente da Mesa Diretora da Casa, deputado Mauro Carlesse, decidiu pela manutenção do bloco parlamentar formado pelo PSC, PSDB e PSL, contrariando assim a decisão das Executivas Nacional e Estadual do PSC, que levou a suspensão, por “infidelidade partidária”, dos deputados Júnior Evangelista e Jorge Frederico. A decisão de Carlesse deu-se em consonância com o parecer da Procuradoria da AL. Após o pronunciamento da decisão do presidente da Casa, o deputado Osires Damaso informou, em plenário, se dirigindo a Carlesse, que poderá procurar a Justiça. “O senhor [Carlesse] deve buscar mais conhecimento dentro do regimento interno e não satisfazer apenas a vontade de alguns parlamentares. Não deixe acontecer uma demanda judicial por uma falta de respeito ao estatuto do partido e depois o senhor ter que voltar atrás da sua decisão”, afirmou Damaso. 

 

No começo da manhã, Damaso detalhou, em entrevista ao T1 Notícias, os pontos que levaram à decisão, conforme documento enviado por ele a Carlesse ontem, 8. Também nesta manhã, os parlamentares criticaram a decisão e apontaram “desrespeito à democracia”.

 

Conforme Damaso, “a orientação do partido era que nós fizéssemos uma composição de bancada com o Solidariedade. Assim o PSC participaria da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) com a possibilidade de eu ser o presidente da Comissão. Eu vi as articulações dos pares querendo compor com outro partido, inclusive atropelando a direção do partido, formando bloco com PSDB e PSL, e indicando para as comissões que eles bem entendiam. Dessa forma eu entrei em contato com o Diretório Nacional, que me orientou a baixar um decreto que só poderíamos compor com o SD, mesmo assim eles atropelaram a decisão do partido. Entrei novamente em contato com o diretório, que mandou uma determinação que eu os afastasse da bancada do partido”, explicou.

 

Segundo Damaso, uma sindicância foi aberta e os parlamentares deverão fazer uma retratação. Enquanto isso, os parlamentares não poderão falar em nome do partido. "O diálogo está difícil, pois para eles só serve atender a necessidade deles e o partido não concorda”, afirmou. Damaso finalizou defendendo o respeito ao regimento do partido. “Quando estamos num partido temos que respeitar o estatuto dele e não fazer o que quer com o partido”.

 

Liberdade parlamentar

Em entrevista ao T1, o deputado Júnior Evangelista disse ter recebido com tranquilidade a notícia, apesar de não ter sido notificado. Ele ainda explicou sua conduta. “Foi tudo feito de forma atropelada. Uma notificação dessa, precisamos ter a oportunidade para nos defender. Isso precisaria ter o início de um processo e não já chegar com uma determinação dessa sem nem ouvir o parlamentar. Isso é arrogância e ditadura. Isso deixa a impressão que o PSC não é um partido certo para se filiar. Não posso deixar alguém interferir no exercício do meu mandato . Não fui eleito pelo PSC, nem  tive ajuda dele para estar aqui na Casa”, rebateu o deputado.

 

Questionado sobre a desfiliação do partido após esse acontecimento, Evangelista disse que prefere tomar decisões mais ponderadas, mas não descarta a possibilidade. “Da forma como está fica muito difícil permanecer. Criou-se um ambiente desnecessário, usando o partido para atingir interesses próprios. Não pode achar que porque é ex-presidente tem que continuar na Comissão. Todos os deputados têm os mesmos direitos de participar das comissões. A alternância de poder é benéfica”, justificou.

 

Pego de surpresa com a decisão, o deputado Jorge Frederico informou ao T1 que Damaso não estaria respeitando a democracia. “Não podemos, em detrimento a uma vontade pessoal dele, deixar de exercer nosso mandato”. Ainda conforme o parlamentar a situação traz insegurança para o partido. “Com o Damaso na presidência qualquer filiado se sente inseguro. Um vereador se sente inseguro de não ter liberdade dentro do partido. Buscamos discutir, mas ele nunca discutiu com a gente. Ele tem que respeitar nosso direito de bancada. Nós somos maioria. Ele escolheu um lado e nós outro. Segundo ele, fez uma reunião com o partido e nos cerceou de discutir as coligações e os blocos partidários”, explicou.

 

Os parlamentares informaram ainda que deverão tomar as medidas judiciais cabíveis para reverter a decisão.

 

(Atualizada às 12h57)

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