Dilma é notificada por Vicentinho Alves e deixa o Palácio do Planalto nesta 5ª

Por 55 votos a favor do impeachment e 22 contra, senadores aprovaram pedido de abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), após 20 horas de sessão

Dilma faz pronunciamento antes de deixar o Palácio
Descrição: Dilma faz pronunciamento antes de deixar o Palácio Crédito: Foto:Twitter/Estadão

A presidenta Dilma Rousseff foi notificada no Palácio do Planalto pelo primeiro-secretário da Mesa Diretora do Senado, senador Vicentinho Alves (PR-TO) de seu afastamento do cargo após a proclamação do resultado da votação da admissibilidade do processo de impeachment no Senado. O Palácio do Planalto preparou uma cerimônia no gabinete presidencial, no terceiro andar do prédio, onde Dilma recebeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros, autoridades e personalidades aliadas. Após os atos, Dilma segue, de carro, até o Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República, a poucos quilômetros do Planalto, onde vai permanecer durante o tempo em que deve ficar afastada.

 

Cercada por dezenas de ex-ministros, parlamentares e servidores do Palácio do Planalto, a presidenta afastada, Dilma Rousseff, faz neste momento um pronunciamento à imprensa em que classificou o processo contra ela de "impeachment fraudulento". Dilma Rousseff admitiu que pode ter cometido erros, mas enfatizou que não cometeu crimes e que está sofrendo injustiça, a "maior das brutalidades que pode ser cometida".

 

"Não cometi crime de responsabilidade. Não tenho contas no exterior, jamais compactuei com a corrupção. Esse processo é frágil, juridicamente inconsistente, injusto, desencadeado contra pessoa honesta e inocente. A maior das brutalidades que pode ser cometida por qualquer ser humano: puni-lo por um crime que não cometeu", disse.

 

Em falas interrompidas por aplausos e gritos de apoio, a presidenta lembrou que foi eleita por 54 milhões de brasileiros e disse que o que está em jogo não é somente o seu mandato. "O que está em jogo não é apenas o meu mandato. É o respeito às urnas. À vontade soberana ao povo brasileiro e à Constituição. São as conquistas dos últimos 13 anos. O que está em jogo é a proteção às crianças, jovens chegando às universidades e escolas técnicas. O que está em jogo é o futuro do país, esperança de avançar cada vez mais. Quero mais uma vez esclarecer fatos e denunciar riscos para país de um impeachment fraudulento. Um verdadeiro golpe", declarou.

 

No pronunciamento, Dilma estava acompanhada de seus ex-ministros e parlamentares aliados, como a ex-ministra Eleonora Menicucci (das Mulheres), Kátia Abreu (da Agricultura) e Giles Azevedo (assessor especial). Dilma deu a declaração no Salão Leste do Palácio do Planalto que estava lotado de servidores que vieram dar apoio à presidenta afastada. Eles entoaram palavras de ordem: “É golpe”, “Golpistas, fascistas não passarão”, “Dilma, guerreira, da pátria brasileira”.

 

Assim que terminou sua declaração, Dilma saiu do Palácio do Planalto pela porta principal que fica no térreo do prédio. No caminho, ela cumprimentou servidores da Presidência, em sua maioria mulheres, que a recepcionaram no caminho, que estavam em um cercado próximo à rampa.

 

A presidente Dilma Rousseff poderá manter, enquanto estiver afastada da Presidência da República, salário de R$ 27.841,2, o uso do Palácio da Alvorada (residência oficial do presidente da República), segurança pessoal, assistência saúde, avião, carro oficial e a equipe a serviço de seu gabinete pessoal. A manutenção das prerrogativas foi anunciada nesta quinta, pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), depois que proclamou a decisão da Casa de aprovar o afastamento de Dilma por até 180 dias.

 

Votação do impachment no Senado

Os senadores aprovaram, no início da manhã desta quinta-feira, 12, após 20 horas e meia de sessão, o pedido de abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Foram 55 votos a favor do impeachment, 22 contra e duas ausências. Dilma deixa a Presidência um ano e quatro meses após assumir seu segundo mandato. O vice-presidente Michel Temer (PMDB) assume interinamente assim que Dilma for comunicada oficialmente sobre o afastamento, o que deve ocorrer ainda nesta manhã. A notificação será entregue pelo primeiro-secretário da Mesa Diretora do Senado, senador Vicentinho Alves (PR-TO). Dilma terá que assinar o documento e, a partir daí, será obrigada a deixar o Planalto.

 

Dilma pode ficar afastada por até 180 dias, mas o processo no Senado pode ser mais rápido. Se for considerada culpada, sai do cargo definitivamente e perde os direitos políticos por oito anos, e Temer será o presidente até o fim de 2018. Se for inocentada, volta à Presidência. Para que o processo que resulta no afastamento da presidente fosse instaurado, eram necessários ao menos 41 votos (maioria simples) favoráveis.

 

Os senadores discursaram por quase 20 horas. Depois de encerrado o debate, o relator da comissão do impeachment no Senado, Antonio Anastasia (PSDB-MG) falou por 15 minutos, seguido pelo ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, que falou pela defesa de Dilma.

 

Esta é a segunda vez em 24 anos que um presidente da República é afastado temporariamente para julgamento após uma decisão do Senado. Em outubro de 1992, o Senado abriu o julgamento do então presidente Fernando Collor de Mello, que renunciou antes de ser julgado, teve seus direitos políticos cassados pelo Senado por oito anos e em 2014, o Supremo Tribunal Federal o absolveu por falta de provas.

 

(Atualizada às 12h47 - Com informações da Agência Brasil)

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