Eduardo depõe na PF e diz que gastos com cartazes representaram 1,6% de sua campanha

Deputado foi convocado pela PF para prestar depoimento sobre possíveis irregularidades ocorridas em 2014, envolvendo políticos, gestores e donos de empreiteiras

Deputado passou 4 horas prestando depoimento à PF
Descrição: Deputado passou 4 horas prestando depoimento à PF Crédito: Andréa Nobre

Ao sair da sede da Polícia Federal (PF), para onde foi conduzido para prestar depoimento na 4ª fase da Operação Ápia, na manhã desta sexta-feira, 28, o deputado estadual Eduardo Siqueira Campos disse que dispensou a companhia do advogado durante a oitiva. O deputado esclareceu que durante quatro horas de depoimento, ele respondeu a 30 perguntas e se absteve do direito de permanecer calado.

 

Em entrevista ao Portal T1 Notícias, ao sair da sede da PF nesta tarde, o deputado disse que prestou todas as informações solicitadas pela polícia. “Eu dei meu depoimento sem advogado. Dispensei o direito de ficar calado. Respondi a todas as perguntas. Absolutamente a todas elas”, afirmou o deputado.

 

Sobre o fato de ter sido convocado a prestar depoimento sobre possíveis desvios em campanha de 2014, Eduardo Siqueira disse que está tranquilo. "Não tenho nenhuma preocupação. Aliás, não há outro caminho. É obrigação. Eu sou agente público hoje. Não fui no ano de 2014. Não é por isso que eu vou deixar de depor. Então, convocado para depoimento, eu vim prestei meu depoimento, procurei contribuir ao dizer ao delegado que eu abriria mão do recurso de não responder a qualquer pergunta ou de buscar o apoio de um profissional do direito”, explicou.

 

A Polícia Federal apreendeu o celular e documentos do político e de sua esposa, Pollyana Marques Siqueira Campos, além do tablet utilizado por seu filho. O deputado disse ainda que não foi indiciado e que não houve bloqueio dos seus bens e que acredita que prestou seu papel da melhor forma.

 

Questionado pelo T1 sobre seu possível envolvimento em supostas fraudes investigadas pela operação, Eduardo Siqueira revelou que todas as vezes que a majoritária faz um cartaz [durante campanhas políticas], ela é obrigada a debitar no CNPJ da campanha. Ela é obrigada a colocar também o CNPJ do gráfico que faz a impressão do produto. “Eles estimaram isso que é passado para todos os candidatos”, apontou.

 

“Eu passei para o delegado que eu não recebi um centavo da majoritária quando eu fui candidato a deputado estadual. E recebi cartazes. Todo mundo viu cartazes. Eduardo Gomes, Sandoval Cardoso, eu, outros deputados que eu não quero declarar o nome. Então se eu recebi o cartaz, a ilegalidade seria não estar ali”, declarou Eduardo.

 

“Está na prestação de contas dos 24 deputados eleitos e dos 8 deputados federais. Todos participaram de uma coligação. E alguém fez os cartazes para alguém. Eu recebi os cartazes, usei, os distribui e eles representam 1,6% do total que eu declarei de gastos na minha campanha. Agora, existem muitas outras questões que são internas entre empresas, que são transações entre uma pessoa jurídica e outra pessoa jurídica que não me cabem”, relatou o deputado.

 

“O depoimento só foi um pouquinho longo para um dia que se esperava uma greve. Mas eu não vou sair em nenhuma hipótese escondido de nenhum lugar. Não saio de casa escondido”, argumentou.

 

Delações

O deputado relembrou a associação do seu nome com base na afirmação de um delator da Lava-Jato feito no Jornal Nacional: “Eu passei 24 horas como o acelerado, dono de 24 milhões e 700 mil dólares no exterior. Mas durou apenas 24 horas. Porque 24 horas depois estava esclarecido”. “Eu não tenho nenhuma condenação durante toda minha vida pública”, justificou.

 

Operação Ápia

A Polícia Federal, em conjunto com o Ministério Público, investiga possíveis desvios em relação a obras no ano de 2014. Foi deflagrada na manhã desta sexta-feira, 28, a 4ª fase da Operação Ápia em Palmas. O deputado estadual Eduardo Siqueira Campos foi conduzido à sede da PF logo cedo para prestar ​esclarecimentos.

 

Segundo informações a que o T1 Notícias teve acesso, além de Eduardo Siqueira Campos, os mandados de condução coercitiva desta fase da operação são para: Wilmar Oliveira de Bastos, Sandoval Cardoso, Alvicto Ozores Nogueira (Kaká Nogueira), José Maria Batista de Araújo, Geraldo Magela Batista de Araújo, Levi Batista de Araújo, Renan Bezerra de Melo Pereira, Elon Marcelo Lima Vieira, Maria Rodrigues do Carmo, Ione Maria Caixeta Rodrigues, Jocelino Pereira Fernandes, Márcia Maria de Oliveira Ferreira, Marcos Banaia Oliveira Ferreira, Revis Lopes Lira, Juliana Bezerra de Melo Pereira e Fábio Bezerra de Melo Pereira.

 

Nota à imprensa

O deputado encaminhou uma nota à imprensa, por meio de sua assessoria, em que reitera tudo o que disse em entrevista.

 

Veja na íntegra:

 

Nota

O deputado Eduardo Siqueira Campos prestou esclarecimentos à Polícia Federal nesta sexta-feira, 28, em virtude de mais uma fase da operação Ápia. Na ocasião, o deputado abriu mão do seu direito constitucional estar acompanhado de um advogado e também do direito de permanecer em silêncio, caso entendesse ser necessário, e respondeu a todas as perguntas que lhe foram feitas.

 

Os questionamentos foram em torno da candidatura a Governador do Estado do Tocantins em 2014. O deputado Eduardo Siqueira Campos esclareceu que foi candidato a deputado estadual e em virtude disso não foi necessário a montagem de grande estrutura campanha, nem orientação de marketing, nem gastos com pesquisas,  contratação de agência de publicidade e demais gastos que são obrigatórios em campanhas majoritárias. No entanto, devido seu histórico de trabalho, sagrou - se o deputado mais votado do Tocantins.

 

O deputado Eduardo Siqueira Campos entende que por exercer função pública, tem a obrigação  de colaborar com qualquer investigação, e por isso, abriu mão do direito constitucional de ficar em silêncio para responder a todos os questionamentos para que não pairem quaisquer dúvidas. Há poucos dias, uma afirmação sem provas em rede nacional não levou 48 horas para ser desmentida. Por isso, o deputado Eduardo Siqueira apoia a apuração criteriosa das informações para que não pairem dúvidas ou suspeitas sobre qualquer cidadão ou homem público.

 

O deputado Eduardo Siqueira Campos relembrou que ele e seu pai, o ex-governador Siqueira Campos, possuem mais de 50 anos de vida pública no Tocantins, uma vida construída de forma honrosa, sem objetivo de angariar patrimônio,  mas para que o Tocantins fosse criado e pudesse desenvolver essa parte do Brasil.

 

Eduardo Siqueira Campos afirma que permanece sereno, tranquilo e consciente de que suas ações sempre obedeceram as leis vigentes. O deputado encerrou dizendo que permanece à disposição das instituições, da imprensa e do povo tocantinense para seguir trabalhando pelo nosso Estado.

Comentários (0)