Delta está chegando… para ficar?

Variante do coronavírus tem alta transmissão e já está presente em mais de 90 países, incluindo o Brasil

Imagem ilustrativa
Descrição: Imagem ilustrativa Crédito: Robson Valverde/SES-SC

Nos últimos dias, tenho acompanhado os desdobramentos da variante delta, responsável pelo aumento de novos casos do novo Coronavírus pelo mundo. A notícia não é boa, mas é possível contornar aqui no Brasil, desde que o mesmo governo que pediu propina de US$1 por vacina comprada, segundo representante da empresa Davati Medical Supply, atue de forma mais célere com o plano de imunização.

 

Para compreender melhor, no Reino Unido, que havia avançado bastante com o plano de imunização, a variante delta hoje é responsável por 90% dos casos ativos, de acordo com dados do Departamento de Saúde. Desde sua chegada, houve um aumento significativo de 40% nas hospitalizações. A variante foi descoberta na Índia em outubro de 2020 e se alastrou pelo país asiático e pelo Reino Unido, principalmente.

 

Embora muitos estudos sobre a variante ainda estejam em curso, é possível perceber a tendência do vírus de agir de forma mais agressiva e se transmitir mais rapidamente que a variante original do Coronavírus (ou ainda a cepa brasileira). Um estudo recém-publicado na renomada revista científica Cell, por exemplo, sugere que a variante indiana possa aumentar o risco de reinfecções da Covid-19. Isso significa que pessoas que já foram infectadas por outras cepas tem maior risco de reinfecção pela delta.

 

De acordo com os pesquisadores, a mutação da variante indiana aumenta a adesão do vírus nas células do hospedeiro, tornando-a mais precisa no momento da contaminação. O estudo foi conduzido pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e contou com a colaboração científica de 59 pesquisadores, incluindo a participação da Fundação Oswaldo Cruz.

 

Vacinados


O melhor recurso para enfrentar a delta é a imunização completa. Esse mesmo estudo apontou que os imunizantes apresentaram leve queda na capacidade de neutralizar a cepa indiana, em comparação a outras cepas da Covid-19 (2,5% a menos de eficácia para a Pfizer; 4,3% para a AstraZeneca), no entanto, as vacinas continuam efetivas, além de reduzirem o desenvolvimento de sintomas mais graves da doença.

 

Brasil

 

Considerando todo o plano de ação do Governo Federal em relação ao enfrentamento da pandemia, o Brasil ainda tem grandes riscos de alcançar novos picos da doença no país com a delta. Considerando que não houve aplicação efetiva do isolamento social no Brasil, a melhor resposta está na imunização por vacinação da população.

 

O grande desafio é o ritmo que o Brasil tem conduzido este plano de imunização. O Ministério da Saúde se comprometeu a imunizar toda a população acima de 18 anos até o fim do ano, todavia, um levantamento realizado pela fintech Stone (aquela das maquininhas de cartão) em parceria com o Instituto Propague mostra que até o final de 2021 o Brasil terá cerca de 57% da população imunizada com as duas doses da vacina contra a Covid-19, um número que representa aproximadamente 100 milhões de habitantes do total de quase 215 milhões.

 

Doação

 

Os Estados Unidos, hoje vitrine de modelo de imunização por vacinação no mundo, anunciaram recentemente que encaminharão 3 milhões de doses da Janssen ao Brasil. Com relação institucional estremecida, o presidente americano Joe Biden atendeu a um pedido de socorro que os números proferiram.

 

A análise dos dados epidemiológicos brasileiros rendeu pautas internacionais, assim como o descaso do Governo Federal com as medidas de contenção da Covid-19 e o negacionismo frente à ciência, tornando o Brasil um país modelo do que não deve ser feito na condução de uma pandemia.

Comentários (0)