Grupos de Ester e Epitácio lavam roupa suja em reunião e Ohofugi leva a melhor

Acusações de traição para justificar a retirada do nome de Epitácio Brandão menos de 24 horas após ter assumido a campanha, atropelando Ester Nogueira. Uma OAB em chamas foi o que se viu ontem...

Ester Nogueira
Descrição: Ester Nogueira Crédito: Foto: Ascom

A campanha pelo comando da OAB no Tocantins ganhou ares de House Of Cards nos últimos dias, a série mais citada quando se trata de explorar os bastidores sujos da luta pelo poder na política.

 

Com uma diferença: ninguém quer ser Frank Underwood, aquele que se for preciso até mata, para ficar no topo da cadeia alimentar... 

 

Uma reunião ocorrida ontem, depois das 19 horas, no antigo comitê da candidata Ester Nogueira, serviu para revelar o descontentamento do grupo de Palmas e mais ligado à candidata à presidente, com a atitude do atual presidente da Ordem, advogado Epitácio Brandão em se lançar candidato antes do julgamento do pedido de impugnação ser finalizado. E retirar-se da disputa, menos de 24 horas depois, liberando os colégios de Gurupi e Araguaína para votarem como quisessem.

 

Acusações de traição saíram das rodas de conversa no WhatsApp e do off jornalístico para ganhar as páginas do Facebook. Num depoimento contundente, o filho de Epitácio, mais conhecido como Picó, que era presença constante na campanha do pai, foi textual em acusar “um pequeno grupo de pessoas desleais”, de ter abandonado o barco, inviabilizando a candidatura do atual presidente à reeleição.

 

Parêntese.

 

Epitácio Brandão vinha enfrentando um câncer agressivo, razão pela qual não se lançou candidato à reeleição desde o começo do processo. Na reunião de sexta-feira passada, conduzida pelo próprio, afirmou que havia recebido a notícia dos médicos em Goiânia de que está curado e que apenas terá que se submeter a uma cirurgia complementar para retirada de tecido extra. Portanto, estava pronto para ir à luta, mesmo faltando apenas 12 dias para a disputa. A afirmação de que não haveria tempo para confeccionar material é refutada por fontes das duas chapas que restaram na disputa. “Já tinha material rodando com o nome dele quando anunciou a desistência, no dia seguinte”, sustenta uma delas.

 

Fecha parêntese.

 

A acusação de traição maior à Epitácio pesou sobre o colégio de Gurupi. Presente à reunião de ontem, Dr. Albery, defendeu-se e abriu o jogo: foi liberado pelo próprio Epitácio para seguir com quem quisesse.

 

O grupo do candidato Gedeon Pitaluga, que considerava a eleição ganha no cenário com três chapas, ainda aguarda para ter o quadro real da eleição definido nos próximos dois dias, mas nos bastidores, acusa o vice de Ester, Rodrigo Coelho e o próprio Albery, de Gurupi, de terem trabalhado para quebrar o que restou da chapa, desestimulando a participação de Epitácio. Majoritária em Gurupi nas pesquisa internas, Ester também teria vantagem em Miracema. Gedeon por usa vez seguiria liderando em Araguaína.

 

Os dois: Coelho e Albery teriam resistência forte à Gedeon, o que justifica o apoio imediatamente declarado ao grupo de Ohofugi, que vem se colocando desde o início da campanha como “a única chapa de oposição”.

 

Isolado, sem querer falar oficialmente, Epitácio Brandão teria dito a amigos próximos que não teria como reposicionar a campanha -  Ester levava a bandeira da renovação -  com um mote de reeleição em tão pouco prazo. O certo é que nos bastidores, por enquanto, Walter Ohofugi já saiu levando vantagem com a retirada da chapa da disputa, esfacelada.

 

Ester não aceita voltar

 

A reunião de ontem no entanto, deve deixar consequências para as próximas disputadas da Ordem. O grupo de Palmas, que tem em Paulo Paiakan um dos mais exaltados, queria permanecer na disputa, e convocou Ester Nogueira a reassumir a campanha, aguardando o desfecho do julgamento do pedido de impugnação. E caso perdesse na comissão eleitoral, lançando um outro nome, que não o de Epitácio Brandão.

 

Este, presente, criticado em todas as viagens que Ester fez ao interior, defendeu-se como pode, mas segundo uma fonte que participou do encontro “foi achincalhado”. Especialmente por ter tomado a frente do processo, antes da candidata se defender e depois desistido, sem reunir ninguém, sem ouvir o grupo de Palmas, liberando companheiros para outra campanha.

 

“O jeito ruidoso como foi feito pode beneficiar o Gedeon na disputa dos votos”, afirma uma fonte, mas a maioria parece acompanhar mesmo Ohofugi.

 

Para o grupo ligado diretamente à Ester, a advogada vinha sofrendo dentro da própria chapa, a ação “machista”e “autoritária” de parte do grupo de Epitácio, que engoliu sua indicação, no momento em que ele próprio, por questão de saúde não podia lançar-se à reeleição.

 

Um dos cabeças do grupo que não teria aceitado a indicação e teria trabalhado até o final do fechamento da chapa para ser vice, sem conseguir, é o atual vice, Rubens Dario. A coordenação de campanha da candidata, dominada pelo grupo de Epitácio, a teria atrapalhado várias vezes durante a campanha, fazendo-a carregar o ônus da gestão atual, desnecessariamente.

 

“Me parece uma traição anunciada. Como é que no grupo adversário, o candidato ao conselho federal, Ercílio, tem um dossiê com a vida profissional da candidata todo, segundo contam, obtido nos arquivos da Secad, e a própria coordenação de campanha não tem?” disparou uma fonte em contato com o Portal T1.

 

Lançar Ester para sabotá-la no meio da campanha é hoje a suspeita mais pesada que paira no fim da chapa “Somos mais Ordem”.

 

Quem vai ganhar as eleições da OAB no Tocantins segue uma incógnita até o dia das eleições, mas uma coisa é certa: esta disputa expõe até as vísceras uma instituição que maneja receitas da ordem de mais de R$ 11 milhões ao ano e muito poder de influência.

 

Para o futuro ficarão as marcas destas traições. E bem ao estilo Frank Underwood, assistiremos sem dúvida, na próxima disputa, confirmar-se a máxima de que “amigos podem se transformar nos piores inimigos”.

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