Na omissão de Marcelo, o retrato da fragilidade de um governo sem coragem

Marcelo Miranda vai fechando seu primeiro ano de governo sem acrescentar muito, em números, ao avanço e desenvolvimento do Estado. Mais do que isso, revela o perfil de um governo politicamente frágil

Miranda não veta nem sanciona lei
Descrição: Miranda não veta nem sanciona lei Crédito: Foto: Da Web

A notícia mais forte desta sexta-feira, 27 - pelo menos até aqui - é a repercussão junto às Câmaras Municipais, da lei promulgada ontem pela Assembleia Legislativa, criando uma instância de decisão na vida dos municípios, acima deles próprios. A questão é tratada como uma aberração jurídica, por entendedores. A Procuradoria do Estado não divulgou parecer, mas com certeza não orientou o chefe do Executivo a sancionar a peça, pelo que se depreende, não enxergando nela sustentação legal.

 

Ao governo Marcelo Miranda, que tem exposto com paixão e veemência todas as teses de inconstitucionalidades e demais ilegalidades que enxerga nos atos do passado, faltou coragem nesse quesito.

 

Entre vetar o que é inconstitucional ou sancionar o que seus novos aliados aprovaram (Wanderlei Barbosa não só trabalhou e votou contra Marcelo, como advogava em alto e bom tom nas rodas de Taquaruçu que o avião recheado com meio milhão derrubaria Marcelo), o governador decidiu não decidir. Decidiu se omitir.

 

A omissão, como marca, neste fim de novembro é o retrato mais flagrante da fragilidade política de um governo que não navega mares tranquilos na Assembleia Legislativa. Não tem maioria confortável. Não tem base assentada, mas flutuante, de acordo aos interesses.

 

É um governo fraco, sem sombra de dúvidas, o que não sabe dizer “não” ao que está errado.

 

Entre desagradar prefeitos e vereadores, ou desagradar deputados, optou por correr o primeiro risco, talvez fazendo as contas de que eleições ainda vão longe, e pode (ou não) corrigir a distância que separa Executivo Estadual e Municipal, ano que vem, na hora da barganha por apoio. Se é que o apoio do governo vai ajudar alguém nos municípios.

 

De toda forma, embrulhada no argumento que for, a omissão de Marcelo Miranda é sol que não se esconde debaixo da peneira.

 

Vitória de Ohofugi oxigena OAB e constrange o governo

Se na Assembleia o céu não é de brigadeiro - vide o vai e vem da LDO, cujo relator excluiu da programação o Governo Mais Perto de Você - na sociedade organizada a semana também não foi das melhores. A vitória de Walter Ohofugi cravou o carimbo de nova derrota nas forças governistas que se mobilizaram em favor de seu adversário, derrotado.

 

Eu já alertava, lá atrás, que o governo não tinha que interferir na eleição da Ordem, pois vivemos outros tempos. E que para o candidato que buscava o apoio do Palácio, contratando marqueteiro oficial e usando do poder de influência dos familiares com mandato, era duvidoso o saldo final do apoio.

 

O que aconteceu a Gedeon Pitaluga foi que, embora jovem, carregou a marca do velho. Das práticas ultrapassadas, do poderio financeiro, dos sagazes articuladores tradicionais da OAB. Que se mostraram menos sagazes que o suficiente e não conseguiram conter a vontade de mudança, a necessidade de oxigenação na entidade, que representa uma categoria tradicionalmente conservadora. E que se mostrou menos conservadora do que era razoável imaginar.

 

A vitória de Ohofugi, no entanto, saltou os muros da OAB e contagiou a sociedade. Muita gente, que não tem diploma de direito torceu e se manifestou nas redes pelo que representava um sopro de mudança. Como em política nada é por acaso e tudo tem reflexos positivos ou negativos, é de se esperar que esta eleição e seu resultado interfiram nas movimentações políticas fora da Ordem nos meses que virão.

 

Ficou claro que mudar é possível, que um nome novo, mesmo sem experiência, pode dar certo e que o governo… o governo tem menos prestígio do que imagina.

 

Driblando a crise que afirma assolar o Executivo, o governador vai à COP 21 e valeria a pena que de lá Marcelo Miranda fizesse o balanço do ano, de fora do Tocantins, para enxergar o quão pouco conseguiu mudar nesta nossa triste realidade.

 

E quem sabe voltar disposto a fazer um governo mais perto da expectativa que criou em companheiros, aliados e eleitores.

 

Do jeito que vai, vai mal, e não só nos números. Mas numa coisa chamada esperança. Moeda cujas reservas vai consumindo de uma vez, antes do ano terminar.

(Atualizada com correções às 17h09)

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