TRE deixa para julgar depois o que resolução não disse e Amastha promete embolar jogo

O ex-prefeito de Palmas, pré-candidato ao governo do Estado, Carlos Amastha, vai jogar todas as suas fichas na aposta de que pode ser candidato ao governo nessas eleições suplementares.

Amastha promete concorrer ao cargo de governador nas indiretas
Descrição: Amastha promete concorrer ao cargo de governador nas indiretas Crédito: Divulgação/Secom Palmas

O prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas, decidiu recuar da pré-candidatura e adiar o sonho de ser governador por mais 4 anos, por não ver segurança jurídica para registrar candidatura diante das resoluções aprovadas nesta terça-feira 3, pelo TRE.

 

As duas decisões contrastantes mostram a medida da indefinição do TRE, que literalmente, lava as mãos ao editar uma resolução genérica e deixar para decidir depois - no ato do registro de candidatura -  quem pode e quem não pode concorrer. 

 

Ainda que no caso de Dimas haja um componente político claro: o desejo de Vicentinho de disputar o governo, manifestado nos bastidores a aliados e agora com data marcada de lançamento de campanha. E Vicentinho comanda o PR, partido do prefeito de Araguaína.

 

Seria mais simples se, tal como o TRE do Amazonas, a alta corte do direito eleitoral tocantinense especificasse em artigos claros quem pode e quem não pode e em que condições, dirrimindo as dúvidas mais recorrentes. Mas decidiu não decidir. Por hora. 

 

Restaria a Carlos Amastha provocar o TSE, com o impedimento explícito. Restaria a Kátia Abreu provocar o TSE, ou o STF, caso prejudicada.

 

Do jeito que ficou, à moda de Pôncio Pilatos, o Tribunal lava as mãos nesse momento.

 

E o que vai acontecer? Teremos nas ruas Carlos Amastha, candidatíssimo, até cair o último recurso. Enfrentando o governador Mauro Carlesse e seus 20 cavaleiros (do Apocalipse?), pois já se anuncia nos bastidores ser este o número de deputados que vai apoiar o deputado/governador. 

 

Enfrentando Vicentinho, com quem já estariam 100 prefeitos e aliados de peso como o ex-governador Moisés Avelino e a ex-vice-governadora Cláudia Lélis. Nos bastidores, fala-se do apoio também de Marcelo Miranda. A confirmar. Este, mesmo cassado, tem seu legado eleitoral ainda bem recente na memória do eleitor.

 

(parênteses…

 

O senador Vicentinho, candidatíssimo, tem a seu favor alguns fatores. É tocantinense de primeira hora, tem empatia com o eleitorado que o conhece “há séculos”. Tem sido um bom parceiro dos municípios na hora de levar emendas, benefícios. Vai disputar prefeitos ombro a ombro com o governador interino. 

 

fecha parênteses)

 

Há a possibilidade ainda de que este enfrentamento seja feito também contra a senadora Kátia Abreu. Três advogados de diferentes linhas disseram ontem -  em off, para não se exporem - ao T1 Noticías que Kátia Abreu tem boas chances de conseguir registrar sua candidatura.A Constituição não veda sua participação. A lei dos partidos pode ser interpretada à luz da janela

 

Ocorre que o grande e poderoso imã chamado governo já começou a fazer sua parte. Kátia já perdeu o aliado Toinho Andrade, que deixou o PSD de Irajá Abreu nesta quarta.

 

De todos é Carlesse quem fará a campanha mais tranquila: tem dinheiro (os R$ 300 mil bloqueados nas contas de suas empresas para pagar aluguéis de 20 anos atrás são um grão de areia), tem os deputados que percorrerão o Estado atrás de suas bases para tentar fazer o convencimento aos seus seguidores de votarem no deputado pouco conhecido. E principalmente: tem a máquina. Essa que publica exonerações e nomeações no Diário Oficial.

 

Correndo por fora, apostando num segundo turno em que poderá ser chamado a compor, está o deputado de Paraíso, Osires Damaso. Já era sonho dele, desde presidente da Assembléia, disputar o governo. Concorrendo agora, nada tem a perder.

 

E ficam ainda os candidatos que ainda precisam comprovar sua expressão eleitoral ao longo da disputa: Marlon Reis, o homem da Lei e Ataídes Oliveira, que sofre desde o começo da semana a pressão dos prefeitos que querem correr para os braços de Vicentinho…. ou de Carlesse.

 

As cenas dos próximos capítulos, que veremos nas convenções que ocorrem pelos dez dias que virão, conforme calendário eleitoral, vão agitar e muito as águas já revoltas da política tocantinense.

 

Conversando ontem à noite com um experiente jurista, de Brasília, ouvi dele que a chance de Marcelo Miranda conseguir uma liminar com Gilmar Mendes e voltar ao governo é remotíssima. Isto por que há decisão recente do STF (coisa de 30 dias) reforçando afastamento imediato nos casos de cassação de mandato.

 

O que vai ficando cada vez mais claro para os analistas políticos é que quem levar esta, terá muita facilidade em levar a próxima eleição, dado que acontecem uma em seguida à outra. Quem comandar o Araguaia para o mandato tampão tem boas chances de emplacar outra eleição em seguida.

 

Bem posicionado nas pesquisas quantitativas e qualitativas que partidos e pré-candidatos têm feito para aferir o humor e a tendência do eleitorado tocantinense, Carlos Amastha tinha tudo para ser o nome forte desta eleição.  A saída do páreo de Ronaldo Dimas, cujo perfil de bom gestor é o que mais ameaçava o ex-prefeito de Palmas, só o fortalece mais ainda. No meio do caminho, no entanto, há uma pedra.

 

Se conseguir fazê-la rolar a ponto de conseguir disputar pode ter a chance de mostrar nas urnas que tem a preferência popular. E aí, mesmo que não leve, estará no páreo em outubro.

 

Uma coisa é certa: o jogo é bruto e não se decide por antecipação. Cada um desses personagens vai usar os recursos que tem na justiça e fora dela para garantir o comando do Estado nos próximos 4 anos.

 

Triste sina à qual lançou o Tocantins, o julgamento postergado por tanto tempo pelo TSE, sobre o caso do avião. Parece uma aeronave que deu pane e veio caindo ao longo de 3 anos e três meses para despencar em pleno março sopre a cabeça  não só do governador cassado, mas por conseqüência, na de todos cidadãos tocantinenses.

 

Os efeitos estão aí, e serão sentidos por muito tempo. Ficamos à mercê de um jogo aleatório de dispositivos legais, nem sempre justos. Um cenário em que quem não tinha força para disputar em condições normais agora tem, e quem tem o apoio popular ou as condições de tê-lo pode ficar de fora, só assistindo.

Comentários (0)